quarta-feira, 18 de maio de 2011


Pergunto-te onde se acha minha vida.
Em que dia fui eu. Que hora existiu formada
de uma verdade minha bem possuída.

Vão-se as minhas perguntas aos depósitos do nada.

E a quem é que pergunto? Em quem penso iludida
Por esperanças hereditárias? E de cada
pergunta minha vai nascendo a sombra imensa
que envolve a posição dos olhos de quem pensa.

Já não sei mais a diferença de ti,
De mim, da coisa perguntada,
Do silêncio da coisa irrespondida.

                          Cecília Meireles

Nenhum comentário:

Postar um comentário