domingo, 8 de maio de 2011


 São os primeiros cantos de um pobre poeta. Desculpa-os. As primeiras vozes do sabiá não têm a doçura dos seus cânticos de amor.
 É uma lira, mas sem cordas: uma primavera, mas sem flores, uma coroa de folhas, mas sem viço.
 Cantos espontâneos do coração, vibrações doridas da lira interna que agitava um sonho, notas que o vento levou, - como isso dou a lume essas harmonias.   
 São paginas despedaçadas de um livro não lido...
E agora que despi a minha musa saudosa dos véus do mistério do meu amor e da minha solidão, agora que ela vai seminua e tímida por entre vós, derramar em vossas almas os últimos perfumes de seu coração - ó meus amigos, recebei-a no peito, e amai-a como o consolo que foi de uma alma esperançosa, que depunha fé na poesia e no amor - esses dous raios luminosos do coração de Deus.

                                                                                          Álvares de Azevedo

Nenhum comentário:

Postar um comentário